Usar da escrita para registrar lembranças como estas aqui presentes não é uma invenção minha. Machado já eternizou o padrão com seu Brás Cubas, por exemplo. Acredito que algo que nos diferencie é que não conto minhas memórias, mas sim de outros. A história não sou eu, outro motivo de não me identificar ainda. Surgiu-me essa ideia num momento em que vagava por aí. Ao longe, sentada a um banco de praça, vi Malu cabisbaixa como sempre. O fato era comum, contudo algo despertou meu interesse. Ela estava inquieta, recordava do bumerangue, da cachoeira na fazenda, do episódio em Barra Bonita. Essa mistura do passado martelava em minha cabeça. Recordava, simultaneamente, tudo o que surgia na mente de Malu. As cenas apareciam como filme em minhas retinas. Sentia-me no lugar dos atos. Sentia-me viajando pelos anos, revivendo todo o caos e tristeza da gente humana, neste caso a dos quatro. Sentia-me comovido com essa nostalgia. Num ato digamos que de compaixão com aqueles, decidi começar a escrever o texto, que agora vaga pela mente de você, leitor que acredita ser essa história boa na sua formação de opinião. Tenho que dizer: é até bastante cativante viajar pelas memórias, restaurando-as e permitindo que mais gente as tenha para comover-se conjuntamente. Espero que lhe aconteça o mesmo. Em caso contrário, sugiro que não prossiga na leitura. Ou siga, caso deseje mesmo assim. O que quero passa longe de ser uma proibição a quem não se comove, não me entenda assim. Apenas digo que esse é meu objetivo com as recordações. Afinal, não correspondem à minha história. Poderia muito bem mantê-las em segredo. Preferi publicá-las. Preferi assim por compaixão. Espero que a tenha também.
Naquela altura da vida, Natasha já estava acostumada a ser deixada aos próprios cuidados. Sendo a filha mais nova e indesejada, depois a amiga de segundo plano e depois apenas mais uma idiota que engravidou jovem demais. Natasha se viu sozinha, no começo dos seus vinte anos, com uma filha nos braços e uma empresa para fazer dar certo. A última coisa que ela esperava era encontrar em alguém recém chegado tudo aquilo que nem sabia que procurava ou precisava.
Uma vida de luxos e vontades atendidas era tudo o que Lewis conhecia. Claro, nem sempre tinha sido assim, mas agora ele já estava acostumado. Sua família ainda o ajudava a manter ambos os pés no chão enquanto se tornava o maior nome da sua categoria, mas ainda assim, ele sentia que algo ainda faltava.
Ps: Fic criada e escrita por uma amiga minha, que me deu total licença para publicar. Mali, te amo!