amar
que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
• carlos drummond de andrade
Poesias podem nem sempre fazer efeito como desejado. A forma como quem lê a interpreta, muda o significado de cada palavra. Talvez a situação de vida, problemas e preocupações mudem a intenção da coisa toda. O caminho a ser traçado em uma leitura pode ser totalmente contrário ao real propósito; Como se fugíssemos do destino final ao entrar em uma rua fora da rota inicial. Podemos nos perder.
Mas a leitura traz liberdade. Essa liberdade de entender tudo como queremos (afinal, estará tudo guardadinho em nossas mentes), de entrar na história, imaginar situações e entender as atuais.
Aqui há de tudo: textos pequenos, longos, minúsculos.
Aproveite. Entenda a si mesmo, e aos meus sentimentos também. Novos pontos de vista e jeitos de enxergar o mundo e as pessoas.
Mergulhe nas minhas palavras sobre amor, dor e tudo o que sinto.
Eu realmente não sirvo para criar sinopses.
Mas espero de verdade que você aprecie cada coisa que ler aqui. Que a literatura te transforme assim como acontece comigo. Que te renove.
Obrigada. Por abrir, por se interessar.
Boa leitura.