Púrpura
Acordei de uma ótima noite de sono
Sentei na cama como se o meu corpo fosse uma pena
Girei os tornozelos suspensos, meus pés pareciam m a s s a g e a d o s
Observei a palma das minhas mãos: brilhavam como neon branco
Estava vivo?
Flutuei até a janela da sala e abri a cortina,
o Sol emanava a cor p ú r p u r a
Minhas pálpebras piscaram duas vezes, habituando-se a intensa luminosidade
Que horas eram?
Tudo era púrpura,
As folhas, antes verdes, das arvores,
Os carros antigos,
As crianças que brincavam de amarelinha,
Os adultos passeando com seus cachorros...
Ninguém notava o fervor da cor
Acima, a garoa de verão coloria o céu púrpura misturando-se
aos raios de sol que banhavam a face dos misteriosos espíritos que serpenteavam a matéria humana
De súbito, meu corpo saltou para fora da casa,
voou passando pelos fios dos postes e pelos planos fotossintéticos do calor matutino
Emergi sentido a órbita terrestre
Pairando de braços abertos,
Engolindo os pequenos e refrescantes flocos de gelo
(saciando a minha sede)
Enquanto meus dedos tocavam as frias nuvens, pensei:
Púrpura é a cor mais vibrante.
£££