O que é o amor, se não a ação da endorfina agindo em nosso cérebro? O que, nesse mundo caótico, justificaria as estranhas sensações que corroem minha pele e bambeiam minhas pernas? Seria o frio no estômago a manifestação desse sentimento tão fugaz? No fim das contas, minha primeira experiência com o amor havia resultado em um mergulho sem volta, um pulo de cabeça em um lago congelado. O frio era intenso e a sensação desesperadora sufocava. E, por muito tempo, me vi cega em irrealidades infundadas e vontades desconsideradas. A necessidade da liberdade, de erguer a cabeça sobre as plaquetas de água congelada e nadar para longe - pro horizonte, onde evitaria de congelar até à morte. Foi quando a conheci, em um momento de paz pós-tempestade. Pela primeira vez ao longo da minha vida, pude sentir a queimação ardente e reconfortante de um amor singelo e verdadeiro. Um sentimento único, que emanava abundantemente em sua presença. Eu a amava. Havia mágica ao estar ao seu lado, mesmo que por poucos minutos - fragmentos de segundos, dos quais estranhamente pude aproveitar o sentimento caloroso proveniente de seu olhar sério. Era tranquilo, aconchegante e similar o bastante a uma xícara de sonho de uma noite de verão. Suave e vibrante, como os lírios que floresciam em sua estufa particular. Capa: @woonixxgpchs (twitter)