''A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir.'' - Arthur Schopenhauer.
Parece que estamos sempre frustrados, em alguma medida. Se a frustração não vem de não termos conseguido algo que queríamos, ela vem de termos conseguido. Parece que mesmo depois de alcançarmos algo tão sonhado, ainda falta alguma coisa. Parece que somos movidos por uma insaciabilidade eterna.
Também não acho que há escapatória para o desamparo e ansiedade estruturais do ser humano. Sim, estruturais. Freud já dizia que, ao nascer, o bebê passa a se dar conta de si, e de sua condição de dependência psíquica e física de seus pais, já que sem eles, ele não tem como se auto-sustentar. É justamente aí que aparecem os primeiros resquícios do desamparo. Ao tornar-se uma criança, numa tentativa de rejeitar o sentimento de solidão e vazio que habita em seu ser, ela passa a criar figuras imaginárias com as quais conversa, o famoso amigo imaginário. E, à medida que a criança cresce e se desenvolve, percebe cada vez mais que não pode tudo, que depende dos outros, que planos darão parcialmente ou completamente errados, que amores poderão não ser correspondidos, que não se pode acertar o tempo inteiro, que existe algo que falta em nós e não importa o que façamos, a sensação de vazio nunca vai embora, já que somos insustentáveis e insatisfeitos por natureza e que a vida segue rumo ao nada, isto é, tudo, inevitavelmente, acaba em tragédia.
Calma, não se assuste ainda, tentaremos encontrar soluções para a agonia nossa de cada dia. Mas, não posso garantir que seremos bem-sucedidos nessa jornada.