Em sua primeira obra literária, Patrick da Cunha busca contar a história de quatro personagens principais, Larissa, Marcelo, Jéssica e Fabiano. São pessoas que convivem desde crianças em um cenário típico do interior gaúcho e vivendo as rotinas comuns aos nativos do local. Entretanto, cultivam juntos o sonho de formar uma banda de rock. Conforme crescem, vão sendo modificados pelos adultos ao redor, pelas transformações no ambiente de convívio e por suas próprias paixões, que naturalmente se modificam com o avanço da idade.
Marcelo, por si só, mantém vivo o seu sonho de viver de música, enquanto Fabiano, seu irmão mais velho, se vê encantado por uma vida pacata ao lado de Jéssica, por quem é apaixonado e por sua vez, vê com indiferença os sonhos da banda. Já Larissa é a que mais se modifica durante a narrativa, se tornando uma personagem conflituosa e de personalidade dúbia, de natureza pacata, porém indomável, Larissa toma as rédeas de seu destino e o decide, mesmo não imaginando que seu destino seria ver seus maiores desejos serem transformados em pesadelo.
Neste ínterim, que a história de fato, se inicia; Larissa viaja para a Europa acreditando que Anderson, um rapaz que conheceu na Praça da Redenção, em Porto Alegre, nas saídas do Colégio Militar onde estudara, lhe entregaria a uma vida de glamour, luxo e muito dinheiro e muito pelo contrário, fora levada a Paris para ser trabalho escravo forçado.
Jéssica e Fabiano protagonizam um arco sobre os perigos de relações sem proteção, sem conhecimento. Ainda que seja, hoje em dia, um tema batido, leva-se em conta a época em que a narrativa transcorre durante este período conturbado de formação psicológica destes personagens principais, o início dos anos 2000.
Arrisco-me a escrever um romance regionalista pela primeira vez, num misto de ficção e realidade. Já havia escrito dois romances no estilo histórico (Catarina Paraguaçu, a Mãe do Brasil, 2000; e A Rainha Apolônia e o Quilombo da Flor Roxa, 2003) com base numa personalidade real (Catarina) e pura ficção (Apolônia) e, agora, com "A Psicóloga" ofereço a apreciação dos leitores algo que teve um princípio dramático de realidade, um crime numa escola pública num povoado da Bahia, de grande repercussão na comunidade e no país, e cenários que fui criando a partir desse trauma, no campo da ficção.
O relato é pessoal produzido por uma mulher iletrada nascida e criada no povoado sem dele nunca ter saído e possuidora de uma visão prática da vida, do seu mundo, do amor, do querer, da solidariedade, da cultura e que de repente vê sua comunidade envolvida num crime hediondo, de jovens numa escola, e passa a ter sonhos aterrorizadores com uma cobra e relaciona todos os episódios a desestabilização emocional que aconteceu em sua comunidade a partir do crime e que afetou a vida de sua família, sobretudo de sua filha menor de idade e que estava em sala de aula, no momento do crime.
Posteriormente, influenciada pela visita dos técnicos em educação emocional do governo, uma delas psicóloga, profissional que nunca ouvira falar e a comunidade de uma forma geral desconhecia, essa garota traumatizada decide ser psicóloga.
Ademais, a mãe da jovem se vê atormentada pelo sonho com a cobra e entende que será traída pelo marido haja vista que essa é a concepção do local, da crença popular de que, quem sonha com cobra é traído (a) e procura uma cigana vidente para tentar resolver sua ansiedade para descrença do marido e abjuração da filha que, a esse tempo, começa a estudar psicologia.
No vai e vem a casa da cigana noutro povoado vai se entusiasmar por um motoboy numa paixão frenética.
Bem, o que vai acontecer eu deixo para que