"Não existe algo como uma Grã-Senhora" - era o que todos diziam. O que seu pai dizia. Desde seu nascimento, Ayla sempre soube que o comando da Corte Primaveril iria para seu irmão gêmeo, Arden, e isso nunca a incomodou antes. Ela era livre para fazer o que gostava, mesmo que sozinha. Isso nunca foi nenhum fardo a ser suportado. Os dias na Corte Primaveril eram divertidos, ensolarados e pacíficos - era tudo que uma criança poderia querer. Porém, junto com seu amadurecimento, veio a curiosidade. Ayla conhecia cada uma das festas que a Corte de seu pai celebrava - tanto porque participou de algumas, quanto porque havia lido sobre elas na imensa biblioteca da mansão onde vivia - e nenhuma delas a atraia mais do que a tão famosa Noite da Fogueira. O Calanmai. Era dito que o Grande Rito na noite do Calanmai sinalizava o início da primavera, o recomeço de tudo. A magia gerada daquela celebração era a responsável pelas plantações do ano seguinte. por substituir o inverno pela primavera. As trevas pela luz. Naquela noite, a magia era tão forte que transformava feéricos civilizados em pouco mais do que animais. Ayla havia escutado algumas servas contando sobre suas experiências naquela festa, então sabia da imensa orgia que se seguia ao Grande Rito. Mas não era o sexo que lhe atraia. Era algo mais. Todos os anos, na Noite do Fogo, a magia chamava por ela, pedindo que atendesse seu chamado e fosse em busca do que quer que lhe era prometido todos os anos. E todos os anos, seu pedido era negado. Seu pai jamais aceitaria que sua única filha saísse de casa para atender tal chamado. E nessa noite, somente nessa noite, Ayla desejava ser uma Grã-Senhora, para que assim ninguém pudesse lhe dizer o que fazer. Ninguém a impediria de encontrar seu destino. "Não existe algo como uma Grã-Senhora nessa Corte" "Agora existe."Hak Cipta Terpelihara