Nos nunca nos imaginamos sendo pais, até por que não dá pra ter uma criança com quem se odeia.
- Sim, nos nos odiamos, ou nos odiavámos, não sabemos.
Nos não éramos muito apegados, e nem nos importávamos um com o outro, era cada um por si. Nossos pais decidiram nos por dentro de uma casa, pra que ficasse mais perto da faculdade, nessa época minha mãe não confiava me deixar dividir a casa com algumas amigas, por isso me pôs pra morar com o filho de uma tia minha.
Engana-se quem pensa que moramos juntos por que queremos, eu particularmente preferia morar debaixo da ponte do que com o dragão loiro. As coisas não saíram como planejado, e de tanto brigar, acho que ganhamos um presentinho pra fazer com que ficássemos mais próximos.
Talvez próximos demais.
Tudo entre mim e o bocó mudou, quando numa manhã de quarta-feira, nossa campainha tocou, um lindo menininho foi deixado na nossa porta, eu não sabia o que fazer, mais sabia que ele não podia ser abandonando novamente.
Estava decidida, eu ia cria-lo.
No início eu achava loucura da loira criar um filho que não era dela, e sinceramente nem sei onde estava com a cabeça quando disse que ia ajudar ela com o neném, acabei por me tornar o pai que o moleque não teve.
Aos poucos, eu não via mais minha vida sem aquele sorrisinho banguela.
Viramos pais de uma criança que não era nossa, mais que aprendemos a amar, não foi necessário muita coisa pra perceber o quanto estávamos apegados aquela coisinha miúda.
Muita coisa mudou entre nós dois depois que decidimos juntos, que daríamos aquela criancinha, uma segunda chance.