Amanhã eu fui memória

(1845)
Um homem apareceu na propriedade do Visconde de Kamgrel, injuriado e sem memórias, embora isto não causasse estranheza na população da pequena cidade. Todos estavam familiarizados com o aspecto alcoólatra do excêntrico intelectual Maverick Pellegrini.
Apesar do homem ser identificado pelo próprio visconde - quem o conhecia e o desprezava - e ser devolvido à sua família, Maverick sentia que havia algo de errado. Não reconhecia-se no espelho, não sentia-se em casa na residência familiar, não conectava-se com os pais e irmãos, não sentia-se confortável na própria pele. Acima de tudo, a própria família parecia esconder algo dele, o que o fazia retornar constantemente para a única pessoa que havia lhe destinado compassiva e cruel sinceridade: o Visconde de Kamgrel, Emmanuel.
Relutante em aceitar sua identidade, Maverick empenhou-se em uma busca por respostas, ao lado de um intrigado visconde. Os sonhos vívidos que tinha de uma vida que não era a sua assustavam-no, mas quiçá não tanto quanto os transtornados sentimentos que desenvolvia pelo homem que o acolhera com tanta compaixão.