Já nada belo me inspira Descrevo apenas aquela feia figura Daquela realidade que à minha volta gira Daquela triste verdade A de que nada dura Mato as horas com a Tristeza Tento dormir a seu lado Mas ela tornou-se a minha fortaleza Mantendo-me presa contra a minha vontade Ou será que assim o quis? Tornar-me voluntariamente prisioneira Por estar farta destes dias tão vazios Por não conseguir passar por mais nenhuma barreira Cansei-me da vida E ela de mim Sempre lhe fui querida No entanto, não devo ter merecido ser também tratada assim Mas de inocentes está o inferno cheio E o véu de culpada cai sobre mim Pudesse tudo isto ser apenas um devaneio E, talvez, não estaria assim Mas pergunto...porque razão? Só me limitei a seguir os passos da ilusão! Imaginava alcançar o inatingível Com a força da ambição e da nostalgia Pensei mesmo que seria possível Mas não...já nada o é! E assim tudo ruiu Regressei à dor Vi que tudo era igual Que vagueava por um mundo irreal E a minha vida perdeu então a cor O silêncio é o meu porto seguro Pois nada mais me mantém a salvo Permaneço sentada neste chão duro Preparada para ser o alvo A pontaria é tão apurada Em cheio! Novamente no coração Não sei quantas mais forças lhe restarão Fartei-me! A tentativa de desvio é inútil O tiro é realmente em cheio Acertará sempre naquele sítio tão fútilAll Rights Reserved
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