(...) Dou mais um passo para trás me afastando e sinto minhas pernas se chocarem com o sofá. Merda! Estou encurralada, ele se aproxima ainda mais, perto demais, próximo demais, seu olhar cai sobre minha boca, voltando em seguida a me encarar tão intenso quanto antes. Sinto o ar escapar dos meus pulmões, minhas pernas ficam bambas, mas ainda conseguem me manter em pé e com a postura firme, estou tensa com tamanha aproximação. Ele parece estar tão tenso quanto eu. - Porque sim! Porque não gosto de você, e você sabe disso, não sei porque pergunta. - respondo friamente, tentando manter o contato visual para cumprir a veracidade de minhas palavras. - Sim, eu sei, mas achei que o combinado era mantermos um bom convívio para Poliana. - ele diz calmo e eu desvio o olhar e reviro os olhos, sorrindo irônica. - Para com isso! - ele fala, a autoridade e gravidade da sua voz é tanta que sinto um arrepio na nuca. - Não revire mais os olhos para mim! - ele pede em um sussurro com a voz rouca e falha, aproximando mais o rosto do meu, seus olhos mergulhavam nos meus, profundos, intensos, cheio de desejo e malícia. Por um momento deixo-me levar por aquele olhar, desejando tanto quanto ele que aquela aproximação fosse adiante, o ar de sua respiração quente atingindo minha pele. Mas não posso, não posso me deixar levar por uma onda de sensações carnais absurdas que se fazem presente. Estamos cara a cara, nossos narizes quase se tocando, uma onda de raiva, tensão e desejo se misturam em nosso olhar. Meu corpo estremece. Volto para a realidade e para o que realmente estava acontecendo. (...)
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