Um romance de conto de fadas não era nada do que Gabrieli esperava. Príncipes estavam para ela tanto quanto sapatos de cristais e carruagens que se transformam em abóboras: meros conceitos de filmes da Disney. Ironicamente, foi exatamente o que ela sentiu ao bater os olhos em Henrique pela primeira vez. A reação foi imediata; pernas bambas e coração acelerado, da mesma forma como qualquer bom livro de romance narra. Henrique sentiu o mesmo. Para ele, naquele instante, em cima daquele palco, não existia ninguém além daquela moça estonteante na plateia. Ele, que sempre tratou amor à primeira vista como uma mera invenção de filmes clichês, teve a certeza de que era real. Ela iluminava o ambiente de uma forma que ele desconhecia. A química foi imediata, mas também a resistência de Gabrieli. Ela sabia que alguém que vivia de música como Henrique proporcionaria uma relação no mínimo conturbada, mas aos poucos foi cedendo e, ao final da história, ela só queria a chance de fazer com que aquilo fosse eterno, porque ela sempre sabia que jamais seria capaz de superar Henrique. Mas, ainda que eles já não fossem mais adolescentes, como dois jovens adultos, ainda existia ingenuidade suficiente para acreditar que seria efetivamente eterno. E os choques da vida adulta foram recebidos com muita surpresa. Distância, falta de comunicação e carência levaram os dois a um profundo sentimento de incerteza. A incerteza levou a desesperança e a desesperança, que somada à carência, levaram a decisões precipitadas. Há quem diga que foi falta de amor, há quem diga que foi falta de caráter e há quem aponte os dois. Ou talvez tenha sido apenas uma série de coincidências estranhas e ações do destino que os levaram até ali. Fato é que: o "e viveram felizes para sempre" nunca chegou.
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