Me vejo estações. Como o ciclo anual, ou a lua em fases, emoções vieram, ficaram, deixaram marcas e se foram. Os dias correm sem se cansarem e no interior crises se formam.
Outono veio manso, como trovão pré tempestade. Folhas em queda, como lágrimas discretas; um alto tom de suspense. Gradualmente, transformou meus sentimentos concebidos, sem que eu me desse conta dos raios porvir.
Inverno foi pura brutalidade. Sem pedido por permissão adentrou meu peito selado e implantou a dor que antes era inocente fantasia. As garras afiadas, sem resquício algum de piedade, gravaram meu interior com feridas intensas. Seria o veredito final?
Primavera, a delicada e leve luz, como raio da aurora, lançou-me algo desconhecido. Uma semente de aconchego me convidou para dançar e, com pernas bambas após tanto tempo no fundo de meu ser, cedi. Nasceram mudas de esperança por um real imaginado. Reflexões e muitos serás. Provável utopia?
Verão desconstruiu as barreiras impostas e me inundou com um frescor sem medidas. Com genuíno sorriso o recebi, de braços abertos em meio à timidez. Posso girar junto a tal sem me limitar às amarras que me sufocavam. Não houve fórmula ou receita prescrita. Foi processo, jornada individual que rendeu versos ao andar em um caminho de curvas e paradas.
Aceita meu convite para essa trilha?