"Let's dance in the night away" Eu gritaria, se minha garganta me permitisse. Bebidas quentes nunca caíram bem ao meu paladar, tão pouco ao estômago vazio, mas é tarde demais para lamentações. A ressaca me abraça forte, me deixa zonza e enjoada. As paredes do quarto giram em sentido horário e meu juízo brinca de cirandinha com elas, estou no centro e não consigo acompanhar os movimentos ilusórios, com a vista oscilando de milésimo em milésimo só me resta virar de lado e conceder à descarga descomunal de golfo vá de encontro ao tapete bordô, piorando seu estado decadente de odor e imundície. Dormir por cima de meu braço entra para minha lista de decisões erradas, pois sem ele não levantarei tão cedo do chão gélido que beija minha bochecha rosada e os outras partes do corpo expostas pela roupa curta. Olho em volta e estou cercada de pessoas tão dorminhocas e pinguças quanto eu, menos humilhante. Um pressentimento sorrateiro me toma e percebo a gravidade da situação que me encontro: com a cara amassada, deitada desengonçada no chão imundo e ao lado de um tapete sujo/recém vomitado, descalça, cabelos rebeldes, acompanhada de estranhos precários às mesmas consequências, na casa de um alguém que minha mente não recorda e pós festa de início das férias de verão e numa tarde calorosa de segunda-feira. Entretanto, há fatos e pendências a serem citados, se eu lembrasse, o que não é o caso. Preciso lembrar o quanto antes. Mas como posso realizar uma tarefa como essa se nem ao menos consigo me levantar? Maldita hora que fui aceitar aquele convite estapafúrdio! Capa por: @csosmicpony