Enquanto algumas são encontradas por mero acaso ao longo do caminho, algumas são propositalmente postas na obscuridade. Algumas querem ser perdidas e dilaceradas das maneiras mais pensadas e impensadas pela racionalidade. O problema de se destruir algo é que o pó fica, os cacos continuam cortando, a caixa um dia pode ser aberta e a merda um dia sai. De um jeito ou de outro, a existência precede a essência, e, por mais que a exposição preceda a existência, aqui há um esforço para se olvidar tal axioma. Na ponta diametralmente paralela da coragem de se desbravar as profundezas não iluminadas, encontra-se o medo que move aeronaves ao espaço. Digamos que alguns lixos espaciais sempre estarão lá. Alheios à gravidade, porém necessariamente orbitando ao nosso redor. A viagem já começou há bastante tempo. Reforço caso ainda não tenham notado. Não houve contagem regressiva, nem previsibilidade mínima que pudesse preparar ao que viria a seguir. Mesmo rodeados de estrelas, os convido a fechar os olhos e fazer um esforço absurdo ao negar sentidos. Duvidem daquilo posto sob os olhos, das imagens, perfumes e condições de temperatura e pressão que aparentam estar perfeitamente equilibradas. Duvidem daquilo que a percepção apresenta, por mais que seja a única verdade. Sem mais rodeios, senhoras e senhores, é com imenso pavor que tenho o enorme prazer de jamais apresentá-los aquelas cartas. Aquelas cartas que destruí!
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