Ela olhou para mim com o rosto corado, a expressão chorosa me abalou, como centenas de milhares de adagas tentando a todo custo me perfurar da forma mais dolorosa, e sinto que se fizer ela chorar, poderei facilmente me entregar a essas adagas. Mas, não compreendo, como alguém tão diferente de mim, tão estranhamente alegre, perfeita de tantas formas, consegue prestar o mínimo de atenção em mim.
Quanto mais me afasto, mais quero entrar em seu mundo colorido, mais quero abraçar e amar ela de todas as formas que forem convenientes.. e de algum modo parece que ela não se esforça para me fazer entrar em seu mundo. Me apaixonar por ela foi fácil, foi como cair, sem ter uma escada ou qualquer outra coisa para voltar a superfície. Já tentar me afastar é o oposto, não consigo, só não tenho forças o suficiente para negar a chance de um amor finalmente correspondido.
-Me perdoe.. não tive a intenção de te fazer chorar, sei que não foi sua culpa, e mesmo se fosse, não tenho o direito de te julgar, sou só um homem velho sem amor, não mereço seu carinho.. então por favor se retire..- disse, sei que amo ela, amo a forma como as lágrimas cristalinas escorrem por seu rosto aveludado.. mas sei também que por mais que a ame, não posso estragar seu belo futuro, eu não posso, mas ela sim.
-Pois não irei- ela respondeu enxugando a maior parte das lágrimas acumuladas em seu queixo, mesmo que uma grande leva de outras milhares de lágrimas estivessem por vir.
-Eu te amo Severo, e.. por favor.. não me deixe só, aqui neste galpão úmido- ela implorou dengosa, pude sentir sua tensão, odiava ter que admitir um erro meu, mas só desta vez, tenho que admitir, eu errei em me apaixonar por ela, e errei também e fazer com que ela se apaixonasse por mim também.
E claro, errei em deixar essa paixonite, se transformar na coisa mais importante da minha vida.