Maria Amélia sempre foi uma jovem apaixonada pela leitura, especialmente pelos romances. Nos livros, encontrava cavalheiros devotos, homens dispostos a cometer loucuras por amor, que colocavam a felicidade de suas esposas acima de tudo, até mesmo de si próprios. Um ideal que ela guardava no mais profundo de seu íntimo, embora soubesse que o mundo real era diferente. Desde cedo, compreendera que o casamento não passava de um arranjo político, e por isso vivia sem ilusões. Aprendia tudo o que uma dama da sociedade deveria saber, ciente de que seu destino não seguiria os enredos apaixonados que tanto amava.
Sabia também que, entre suas irmãs, era a menos favorecida em atributos que a tornassem notável. Seu rosto não era singularmente belo, suas curvas eram discretas, seus cabelos castanhos escuros, comuns. Sua única grande paixão eram os livros, e isso nunca fora um atrativo para pretendentes. Ainda assim, estava consciente de que, mais cedo ou mais tarde, seria oferecida a um casamento que garantisse benefícios mútuos à sua família.
O que não esperava era que esse momento chegasse tão cedo.
Mário sempre soubera seu lugar no mundo. Filho bastardo da coroa, jamais se importara com sua reputação - pelo menos, não até vê-la. A primeira vez que seus olhos pousaram naquela jovem, foi em seu refúgio: a cadeira mais escondida da biblioteca de um bairro esquecido. Mas ela estava ali. Com as bochechas rosadas, os cabelos castanhos soltos como a casca áspera de um tronco de árvore, o vestido azul claro marcado pelo pó dos livros e uma crise de espirros absolutamente desastrosa.
E, ainda assim, ela era perfeita.
Meses se passaram até que ele conquistasse sua confiança. Meses até que descobrisse o defeito que tornava aquela perfeição impossível: ela pertencia a uma sociedade que jamais o aceitaria.
Estaria ele fadado a mais um infortúnio?
Cassandra nunca foi de frequentar baile, de sair ou de fazer amizade com as meninas da comunidade. Mas quando seu melhor amigo, Henrique assume o comando da Cidade de Deus e faz um baile de apresentação ela se vê na obrigação de ir pro baile. O que a Cassandra não esperava é que no final daquela noite acabaria na cama do seu melhor amigo e que tudo mudaria dali em diante.
"Ela era poesia e eu analfabeto, ela já tinha minha vida quando eu era um feto"
Todas as histórias tem um final feliz, será que essa vai ter?