Desde o momento em que seu dom se manifestou, Maitê vem tentando arranjar fugas eficientes o bastante para não precisar lidar com ele. A garota não podia afirmar que de fato o controlava, mas ao menos conseguia se desvencilhar quando ameaçava agir: um arrepio intenso na nuca, um cheiro pútrido no ar, um sussurrar sedutor chamando-lhe e guiando-lhe para lugares os quais jamais poderia sair. No entanto, nenhuma de suas tentativas foi capaz de afastar as visões de uma mulher assassinada que, incessantemente, vem lhe tirando o sono e atormentando seus dias. Ela estava grudada às suas entranhas, presa entre suas veias e à espreita, esperando uma pequena brecha para tomar sua mente e alma e corpo. Sem escolhas, Maitê percebe que precisa voltar ao passado e pedir ajuda a um velho amigo, acreditando que somente ele seria capaz de livrá-la do mal. E esperava, fervorosamente, não cruzar com seu irmão. A garota temia profundamente os mortos, mas Hugo era a única alma viva capaz de fazê-la tremer.