Em 1987, enquanto te entregava meu sonho de uma noite de verão em forma de cerejas, vinhos e fugas do internato, sussurramos às estrelas que escrevessem nossos nomes no céu italiano. O meu poeta insondável roubou todas as minhas valsas para sua lábia de garoto levado, guardando no bolso de sua jaqueta as fitas azuis de cetim que faziam laços em meus cabelos. Lembro de suas mãos gentis que moveram meus sonhos para o sul de uma Verona fictícia aos outros olhos, porém quente como uma arma em nossas mãos: o momento em que fui jovem para sempre, e as premissas da eternidade vinham dos intervalos musicais que ele cantarolava lentamente fumando seus Parliaments ao volante enquanto nossas fitas do Aerosmith eram tocadas até que acabássemos num hotel de beira de estrada forrado pela cor escarlate. O Sol tatuou o sucesso de nossas ambições em nossos antebraços, eu fui a Julieta Capuleto de vestido brilhante por trás dos poemas e das cortinas de veludo púrpura que revelava meu Romeu cintilante com sua guitarra e colocava nossos nomes nos cartazes de shows por toda cidade. Foi quando Verona começara a destoar de "Fictícia" para "A cidade que sussurra para todos o que gritamos à ela" a cidade que sempre desaguava nas curvas de suas infindáveis estradas onde te encontrei, onde te perdi. Mais que tudo, onde te perdi.
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