Em um mundo submerso, os oceanos separam o finito e o infinito, divididos pela luz do sol. Aquilo que alcançava o sol, encontrava seu fim. Ao mesmo tempo, tudo o que não a encontrava, estava condenado a existir para sempre.
Advindos do medo do mar de séculos, há uma espécie de demônios, os quais foram denominados pelos homens de Leviatãs. Como quaisquer criaturas colossais, donas de um corpo extenso, pesado e assustador, eles foram caçados por quem os criou e fugiram para as profundezas do mar, onde se abrigaram, atormentados e quase sem comida.
Anos se passaram desde o dia em que todos fugiram para as profundezas e para sobreviver, um deles guardava um ódio profundo dos humanos e seu nome era Nexxus. Nexxus era um demônio leviatã, uma entidade maligna impregnada pelo ódio e sua imponência é inquestionável e qualquer arma humana se torna inutilizável, assim como seu portador, em um único combate contra o maior predador dos mares.
"Ninguém é bastante ousado para provocá-lo; quem a ele resistiria face a face? Quem pôde afrontá-lo e sair com vida debaixo de toda a extensão do céu? Quem lhe abriu os dois batentes da goela, em que seus dentes fazem reinar o terror? Quando se levanta, tremem as ondas do mar, as vagas do mar se afastam. Se uma espada o toca, ela não resiste, nem a lança, nem a azagaia, nem o dardo. O ferro para ele é palha e o bronze, pau podre".
Um dia, em uma reviravolta inesperada, diz às lendas que esse demônio descobriu como assumir a forma de seus caçadores e simplesmente desapareceu. Sem deixar qualquer rastro, ele se dissolveu na água e agora está camuflado nas sombras líquidas, mantendo sua vingança adormecida e seu coração guardado nas entranhas do mais profundo abismo marinho.
Não aceito adaptações ou plágios, nem qualquer reprodução de meus trechos e tampouco aceito qualquer uso dos personagens os quais estão presentes na obra ou da imagem de minha capa, pois tudo foi feito de forma autoral.
Quando a dor do mundo real se transforma no fardo de um destino escrito por mãos alheias, o que resta de você?
Esther sempre se sentiu deslocada no mundo real. Desde a infância marcada por perdas, solidão e negligência, ela aprendeu a sobreviver em silêncio ─ uma alma sensível escondida atrás de livros e sonhos impossíveis. Entre turnos exaustivos em um trabalho que mal pagava suas contas e noites insônes lutando contra crises de ansiedade e depressão, seu único refúgio era a literatura. E entre todas as histórias que conhecia, uma em especial pulsava em seu peito: A Corte de Espinhos e Rosas.
Era nas páginas desse universo mágico que ela encontrava alívio. Um mundo onde a dor se transformava em propósito, onde até os mais feridos tinham chance de lutar ─ ou amar. Esther não acreditava que a vida oferecesse redenções assim... até o dia em que a sua chegou ao fim.
Após uma morte solitária e silenciosa, ela desperta num corpo que não é o seu, cercada por feéricos e magia, diante de um espelho que reflete o rosto de Amarantha ─ a temida vilã da saga. Um ser cruel, manipulador, símbolo de tirania. A antítese de quem Esther foi. Ou teria sido?
Com as memórias intactas de sua vida passada e o conhecimento da história original, ela se vê obrigada a viver como alguém que o mundo odeia ─ alguém que, no fundo, ela mesma desprezava. Mas o que acontece quando uma alma ferida é colocada no corpo de um monstro? E se o monstro também tiver suas próprias cicatrizes?
Dividida entre o peso do passado e o fardo do novo destino, Esther precisa decidir: se render ao papel que lhe foi dado ou desafiar o próprio tecido da narrativa para escrever uma nova versão de si ─ e talvez, da vilã que agora habita.
Porque talvez... toda vilã tenha sido, um dia, apenas uma garota que ninguém salvou.
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Iniciado: 28/O4/2O25
Fase: Em andamento.