- Acha que um dia, poderíamos dizer o que sentimos em voz alta? - Lauren me questiona, enquanto seus olhos esmeralda olhavam a plateia ao longe. Ouvíamos o som de suas vozes rasgarem em comemoração, gritando nossos nomes ainda que não ultrapassassem as paredes grossas que nos dividiam. Suspiro. Um suspiro cansado, mas não fisicamente. Aquilo já respondia qualquer pergunta. Eu estava exausta, exausta de mentir e omitir, fingir demência e engolir palavras e ações que não tinha controle. Nem as minhas ações eu controlava. - Acho que em outra vida... - A cortina estava se levantando e minha voz estava abafada demais pelos gritos para que ela pudesse escutar. Lauren foca seu olhar em mim e eu foco o meu nela. Estremeço com a vibração do nosso público, o quanto eles almejavam a nossa presença, como se valesse cada segundo de vida deles. - Poderíamos ter dito tudo... - Completo. Aquilo me rasgou como nenhuma faca jamais faria. Me despedaçou como nenhuma verdade poderia ter feito. As cortinas caíram. Lauren, não mais com os olhos vibrantes, mas com um olhar vazio e escuro, abre a distância entre nos começando a falar com o público. Aquela foi a ultima vez que nossos olhos se cruzaram.