Joaquín estava atrasado outra vez, mas desta vez foi algo que doeu. Era o aniversário dela e, de todas as outras datas que compartilharam ao longo dos anos, aquela era a única que ele não poderia perder. Todos os anos, eles celebravam juntos na mesma cidade, independentemente da distância, se estavam brigando ou não, era obrigatório se encontrarem no aniversário da mulher. Há menos de três meses, Lívia havia se mudado para São Paulo, não por ele, mas por uma proposta boa de trabalho em uma multinacional. Formada em Relações Internacionais, a brasileira havia passado boa parte da vida no Uruguai para estudar, desde o ensino médio até a faculdade.
Foi assim que se conheceram. Ambos passaram a noite em uma festa da Universidade dela, Joaquín não chegou a estudar lá, mas participava de todas as festas possíveis com os seus amigos e no mesmo dia que viu Lívia, soube que não conseguiria mais ficar longe dela. Ela tinha olhos bonitos, castanhos como o tronco das árvores que gostavam de ficar sob elas em Montevidéu, também tinha uma voz apaixonante, poderia passar horas apenas ouvindo falar sobre política mundial e sobre as verdades que o mundo ainda não estava pronto para ouvir.
Depois de pedir um tempo no relacionamento de anos, Daisy María está no Brasil apenas para confirmar que ela e Joaquín não tem mais nada em comum e só estavam adiando o inevitável.
O que ela não imaginava é que uma confusão envolvendo desmaios e uma reconquista poderia fazer com que todas as suas certezas, se tornassem dúvidas em apenas um piscar de olhos e um sorrisinho do jogador.
- Daisy, volta aqui mi amor. - Joaquín pediu com um meio sorriso.
- Ai Joaquín, você é um salafrário. - Revirei os olhos, sendo acolhida entre seus braços.