Aposto Que Eu Viveria Feliz Em Tons de Bege

Mila Brown conheceu Ethan Anderson quando ele começou a sair com a sua amiga em termos nada reais e concretos. Ela achava que o conhecia mais bem do que sua própria paleta de cores. O óbvio jogador de Lacrosse mimado que não tem pensamentos suficientes para encher um balão de coração. Quem dera imaginar o que poderia ser amar alguém apenas no abstrato. Ela se amava no abstrato e nada mais. Às vezes ninguém mais, mas isso era seu segredo triste e impartilhável. Não era o único, no entanto.

Seu antigo relacionamento e a tristeza e a raiva destrutivas que a marcaram eram mascaradas em tatuagens no seu corpo e ninguém chegaria perto o bastante para as ler além do óbvio. Ela não deixaria, não confiaria.

Ethan Anderson percebeu Mila Brown em uma aposta com os seus amigos semanas depois de dar um fora na amiga dela. Ele não fazia ideia de quem aquela garota era e por onde havia se escondido por todo esse tempo. Ou porquê havia aparecido no justo bar naquela justa noite só para iniciar um efeito borboleta capaz de criar um tornado na sua vida.

Conhece-lá em tantas dimensões nunca passou pela sua cabeça. Afinal, o que havia para saber sobre a garota silenciosa? Pela aposta ele se forçou a desvendar todas as faltas de caráter dela. Assim era mais fácil. Era o que o fazia ir para frente. Ser melhor e melhor e melhor, nunca suficiente. Sempre cheio de faltas de caráter de acordo com a sua melhor amiga, Emma.

Um livro sobre pessoas tentando estragar a própria vida e daqueles ao seu redor sem saber. Convictos de que fazem o que é bom e justo e correto.

Afinal nada é permanente e tudo é substituível. Correto?

Mila descorda. Ethan concorda.

Mas ambos desconhecem sobre o mundo e tudo que ele oferece para ser roubado, emprestado, despedaçado, queimado, amado, valorizado e reconstruído.

(Possui gatilhos: transtorno alimentar, depressão, crise de pânico, ansiedade social, automutilação)