Como eu presumia, um clarão surgiu e pude constatar com clareza os detalhes sórdidos do lugar, as estruturas sem cor do palácio demonstravam o quão sem graça o alvo poderia ser, sem móveis, aparentemente fazia um considerável tempo que ninguém vinha dar sequer uma olhada. O ar se infestou de brasas, e sem entender o que estava acontecendo, como desde que despertei nesse lugar, permaneci sentado.
O piso xadrez infinito começara a girar em sentido anti-horário, a velocidade o tornava hipnótico, alucinógeno, logo o branco das paredes incolor derretia dando lugar às trevas do que me pareceu o inferno de Dante. Gritos ensurdecedores vinham do que me acreditava ser as imensuráveis obras de concreto divinas, imploravam por misericórdia, ardiam no fogo do pecado, agonizando em dor o sacrilégio de piedade, chamavam por seu Deus com toda a fé que tinham, mas o único retorno que ecoava era a risada diabólica do tinhoso.
Perplexo por tamanha crueldade emanada dos fatos, o ar de fogo queimava minha vias respiratórias, fazendo meus olhos lacrimejarem. Contudo, o contraditório derivava quando um sorriso ladino surgiu em meu rosto, maníaco como nunca antes, eu ria sadicamente da dor, me divertia do sofrimento alheio sem remorso algum. E como se a clemência das orações fosse minha energia renovada, me pus de pé com êxito, forte feito um touro, absorvi o máximo de fé que aqueles pobres coitados podiam emanar, me alimentando com uma fome insaciável, desumana. Quando surgiu um reflexo pude perceber quem eu era, um demônio com todas as letras. Mas, de onde o diabo veste Louis Voitton?