Mais uma noite, mais uma noite que eu me sito uma pessoa sem valor, inútil, um lixo. Mais uma noite que sou obrigada à satisfazer o prazer de homens imundos, que eu sou chamada de "vadia", "vagabunda", "puta", e entre mil coisas horríveis. E se todos esses que me chamam assim soubessem minha história, estariam dizendo isso? Se todos soubessem que meu pai abandonou eu e minha mãe, por causa de uma mulher interesseira, quando eu era um bebê? Se todos soubessem que minha mãe morreu quando eu tinha 16 anos, com um câncer, me deixando assim, só no mundo? Se todos soubessem que isso foi a minha única escolha? Meu nome é Melanie, tenho 19 anos, e como deve ter visto no questionamento sou uma prostituta. Tudo isso aconteceu depois da morte da minha mãe, como falei, fui obrigada à exercer essa profissão. Minha tia é dona de uma boate, um cabaré eu diria assim. Você não tem noção de como é horrível ser olhada pela sociedade, com cara de nojo. De não poder ser livre, de me envolver com alguém, me apaixonar. Eu só quero me livrar disso, há 3 anos meus dias e noites são um verdadeiro filme de terror.
"Você está na escola, certo? Deve saber o mínimo de interpretação para entender que isso não é um casamento. É um contrato. Um mero pedaço de papel cujo único objetivo é impedir que você vá para um abrigo. Você assina essa porcaria, e cada um segue com sua vida", estas foram as palavras usadas por Alexander, tentando cumprir o testamento do seu sócio e melhor amigo, que morreu deixando uma sobrinha sem ninguém.
Sofie encarava os olhos azuis daquele homem desejando ter coragem para esbofeteá-lo. No entanto, já estava usando todas as suas forças para segurar o choro. Não podia chorar. Não na frente do homem que, por um ano, seria seu responsável. Em outras palavras, seu marido.