Talvez nunca será compreendido o real sentido das borboletas no estômago, da boca seca e joelhos frágeis. Ou talvez nunca seja a palavra mais ridícula do dicionário; e sabemos do poder que as palavras exercem sobre cada um. Afinal, não haverão borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses. Adriane desabrochava sem pressa, recém saída do casulo experimentava um resquício de sabor da liberdade e do amargor da vida adulta e suas pendências e demais sacrifícios. Uma modelo em ascensão, trilhando lentamente enquanto buscava alcançar seu primeiro voo. O ano era 1990, a carreira engatinhava quando a proposta para ser uma garota do grid do Grande Prêmio de São Paulo por uma semana no mês de Março. Adriane não tinha o mínimo contato ou gosto pelo peculiar esporte, porém o bolso falou mais alto - com um cachê atrativo, o trabalho fora rapidamente aceito com um sorriso estampado no rosto. Ayrton possuía um título de Formula 1 nos bolsos e cada vez mais força de vontade para correr atrás de um segundo. Com a nova temporada indo a todo vapor e a chegada de mais uma home race que ele trabalhava arduamente para ganhar, não restava mais nenhuma distração para seu foco e determinação. Exceto sua negligenciada vida pessoal, que apenas reservava tempo para família aqui e ali, enquanto o coração permanecia deixado de lado depois do fim de seu ultimo relacionamento. Foi questão de pouquíssimas palavras trocadas, escondidas em olhares singelos e curiosos no meio do burburinho do agitado paddock. Foi ali que Senna percebeu que havia outra corrida para vencer, a do caminho para o coração de Galisteu.All Rights Reserved