"Não importa o quão horríveis sejam, eles deixam saudades". Aquilo explicava tudo. Explicava o motivo de ter se sentido orgulhosa ao estourar a cabeça daquele animal e não chorar igual a uma garotinha. Explicava como sempre se esforçou na fuga do rótulo de "puta", mesmo que quisesse fazer sexo mais vezes. Explicava porque todo esse tempo continuou tentando agradar o próprio pai, independentemente do quão lixo ele fosse e do quanto Natalie soubesse disso. Ser uma filha era a pior das maldições. Uma maldição da qual ambas partilhavam, ali, embriagadas e no mais patético ponto de suas vidas. Eram separadas por muitas verdades imutáveis, mas àquele ponto, essa outra imutável verdade lhe parecia mais absoluta que todas as outras. Foda-se que Jackie possuía uma vida melhor que a sua em todos os âmbitos, a única coisa que Natalie conseguia pensar é em como era necessária naquele momento. Jackie precisava de si e ela precisava de Jackie. Precisavam uma da outra mais do que precisavam de seus próprios corações. E, se precisasse falar de coração, foi ali que Natalie percebeu como o seu havia lhe sido roubado. ou, como apesar das brigas, de como Jackie a chamava por rótulos e eram rivais, Nat se percebeu não só apaixonada, mas desejosa pela própria capitã, enquanto ambas bêbadas.