O Contorno Libertino | jjk + pjm

O sopro fantasmagórico do vento era o que substituía o som dos trens naquela estação abandonada. O chão coberto pela ação do tempo, as paredes que perdiam a tinta velha para os dias sem clemência, tudo o que era dito como morto, para ele, tinha vida, ou pelo menos a lembrança dela era o que o fazia viver os segundos ali como se fossem bons. Não os diria dourados ou brandos, mas bons o suficiente para se diferenciar da automaticidade dos outros.

Porém, enquanto seus pés caminhavam sobre o chão congelado no esquecimento, a mais extraordinária criatura puxou suas raízes do solo infértil que as guardava, trazendo seus ramos recaidiços para que o Sol os visse depois de muito tempo. Foi quando o olhar brilhante daquele lobo cinzento cruzou com o seu que as frequências de seu mundo diminuíram, que todo o seu violeta tangeu para anil, iniciando todas as cores do arco-íris.

Seu mundo feito de cinzas ao sol e figuras ocas do perfeito teatro de falhas se viu em metamorfose quando tudo se cruzou no breu daquele lugar decadente, e por ele: Jeon Jungkook, aquele cujos olhos eram da cor da noite, aquele que o tinha chamado sem quaisquer palavras, que o tinha na palma das mãos mesmo sem pedir.

Ele. Por ele.

(Parte 1)