"Fugir para onde?" Essas palavras me marcaram de um jeito quase inexplicável. Quase tão inexplicável como a resposta. Fugir para um lugar que não existe e nem tem esperança de um dia existir. Esconder em algum lugar impossível. E tentar viver nesse lugar nenhum, nessas meias certezas de escasso oxigênio.
A resposta tão inexplicável como a própria pergunta. Esta foi só um silêncio de alguns poucos segundos, mas que todo o tempo que nos restasse poderia se encaixar ali, o tempo era escasso tal qual o oxigênio, mas que definitivamente era maior do que aqueles meros segundos. Logo em seguida uma frase mal pensada, uma oração mal analisada e tão nítida tal qual as obras impressionistas. "Não sei". Foi a resposta. A mais vaga que eu poderia pensar naqueles pequenos e eternos segundos, mas menos vaga do que o complemento dela. "Mas a gente consegue."
Minha resposta trouxe, mais perguntas do que necessariamente, repostas. Perguntas quase tão inexplicáveis com as outras passadas. Conseguir o quê? Sobreviver? Viver? Ou se-esconder? Conseguir como? Correndo? Até parece. E a pior de todas as perguntas. O porquê?
Amarga necessidade do homem pela vida, essa obsessão humana da sobrevivência mesmo sem esperança, do anseio iminente do destino talvez nem tão obvio da humanidade, a destruição. E depois de tantas perguntas com meias repostas e meias certezas, a pior ainda paira no ar acinzentado.
Fugir para onde?