Era uma noite fria e o ambiente estava permeado por uma tensão palpável. A cena se repetia em minha mente incessantemente, como um filme sem opção de pausa. Eu presenciava o brutal assassinato das pessoas que amava, impotente diante da situação, apenas observando, enquanto lágrimas escorriam de meus olhos como uma cachoeira. Entre os presentes, estava a mulher que considerava como mãe, que sempre foi meu porto seguro, sendo vítima da crueldade insensível dele. Essa brutalidade não só a levou embora, mas também me forçou a cometer atos terríveis que eu nunca imaginei ser capaz. As mãos manchadas de sangue, não apenas de desconhecidos, mas de parte de minha alma, pesavam como correntes que me prendiam ao passado.
Entretanto, o paradoxo do meu amor por ele me consumia. Como eu poderia amar alguém que era um psicopata desprovido de empatia? Era uma batalha entre o amor que sentia, que parecia real e intenso, e o ódio que surgia como uma chama que não se apagava. O que antes era um amor, agora se transformara em um veneno que devorava minha sanidade. A ligeira tensão entre o desejo de vingança e a necessidade de perdão criava um turbilhão de emoções que tirava meu fôlego.
Eu hesitava, caminhando de um lado para o outro, ponderando sobre qual seria o melhor curso de ação. O dilema atormentava minha mente: a única maneira de me libertar dele, e do peso que carregava, era através de uma decisão final. Deveria puxar o gatilho, libertando-me desta dor insuportável, ou me permitir amar alguém tão profundamente destrutivo? A liberdade sempre foi uma miragem em minha vida, e agora se apresentava como um ato cruel e necessário.
- Dispare, docinho, bem no centro da minha cabeça, e tenha coragem. - suas palavras ecoavam como um comando aterrador.
Eu reconhecia a profundidade da minha dor e a complexidade do que sentia.