Há dois anos, tive um sonho que reflete uma experiência intensa e ambígua com uma pessoa que conheci na internet. Durante sete meses, nossas conversas flutuaram entre a amizade e algo mais, deixando-me confusa sobre os verdadeiros sentimentos dessa pessoa. Três meses após ela me bloquear na rede social, tive esse sonho.
No sonho, encontro-me em um saguão de hotel luxuoso no estrangeiro e, inesperadamente, dou de cara com essa pessoa. No momento em que nos olhamos, uma série de questões não resolvidas emergem em minha mente. Desde o início de nossas interações, eu nunca soube se havia um interesse romântico real ou se nossa relação estava destinada a ser apenas uma amizade.
Às vezes, reanalisando as mensagens, percebia sinais de interesse romântico, mas fui eu quem afastou essa possibilidade, empurrando a relação para uma amizade. Ideologicamente, éramos incompatíveis. A pessoa tinha posturas de extrema direita, era racista, xenofóbica, e isso me irritava profundamente. No entanto, compartilhávamos um amor pela arte, ópera, musicais e literatura, o que tornava nossas conversas intelectualmente estimulantes.
Essa dicotomia me deixava em constante conflito. Ao conhecer mais essa pessoa, vi suas fragilidades, medos e inseguranças, que pareciam alimentar suas posturas de ódio e intolerância. Isso me fez questionar por que ela via um espelho em mim, alguém tão diferente dela.