Dizem que tudo há começo, meio e fim, entretanto nem todos conseguem enxergar a vida dessa maneira. Na realidade, a vida não é desta maneira para todos. Para Wendel, a vida começou a partir do fim, por mais contraditório que fosse. Ser um sobrevivente foi o seu recomeço. Viver no iminente caos de seu interior era o que o fim havia proporcionado, e se o fim tinha chegado para ele, deveria ser assim para todos aqueles que fossem minimamente culpados. A sua alma padecia entre os demais, o sentimento de perda era a sua principal emoção, e não importasse quem chegasse com o intuito de mudá-lo, pois, ninguém além daqueles teriam a sua lealdade. O que poucos sabem é que, ser um sobrevivente não é tão fácil como muitos dizem. Se têm culpa. O anseio para se fazer o certo dentro daquilo que acredita ser justo. Tem a vida monótona dentro do resquício de vida que se carrega e ainda assim, tem o misto de sensações conflitantes de tentar entender o seu peso no mundo depois de tanta dor, até ela chegar e deixar tudo ainda mais confuso. Lavínia tinha o brilho que lhe faltava. Tinha a alma que o haviam roubado. Tinha toda a leveza de viver em meio aos destroços. Era bom estar ao seu lado. Bom viver minimamente bem e sentir novamente o quão belo o mundo pode ser, mas até quando tudo isso era bom? Até onde isso tudo iria? Valeria a pena esquecer o fim e trilhar o início?