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Há algumas semanas, Chan havia voltado para casa um pouco mais cedo do que o usual, e me surpreendeu ao trazer um amigo com um par de malas grandes, dizendo que ele precisava de um lugar para ficar por um tempo, e que usaria o quarto extra. Não pediu a minha opinião, apenas avisou. Eu sempre soube que o apartamento era dele, e que não importava muito o que eu achava ou não.
No começo ele apenas me cumprimentava, passando por mim e indo direto para o quarto, quase como se estivesse sem graça para falar comigo. Quanto mais eu o via, mais reparava nele, em sua aparência, em sua beleza que beirava o absurdo.
Talvez eu estivesse triste demais para notar de imediato, e demorei quase um mês para perceber, para vê-lo como uma pessoa de fato. Eu não tinha nada contra ele, o rapaz era bem dócil e educado, eu apenas realmente não o enxergava.
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