O frio entorna o corpo assim como a morte se espreita a quem a aguarda. Fios de cabelos soltos, bagunçados jogados para cima, arrepiados. O sangue parado nos pedaços de pele arrancados, quase congelando. O estrondoso barulho que antes rasgavam-lhe os ouvidos agora, assim como começou, acaba em um silêncio agudo. As partes que lhe faltavam ou as queimaduras que derretiam-lhe a pele já não ardem mais. Elas estão frias, assim como as pontas dos dedos. E por um último suspiro, a Terra toma a ultima decisão da sua existência. Clamando para que o Sol não os encontre, nem a Lua os condene, e que ainda exista, de forma errônea talvez, alguma vida. Em um segundo, talvez não insignificante para uma humanidade inteira, o silêncio calmo na galáxia se rompe, e se encontra no som de esperança da voz rouca pela garganta arranhada. E assim, aquele cadaver congelado, jogado como muitos a escuridão eterna do espaço além, se escuta um suplico de vida ... "...está frio..."
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