Dizem que a primeira emoção humana é o medo. Para Zaryana, é uma blasfêmia.
Descobriu precocemente, sob sussurros deleitosos, de que seu corpo, poderia ser consumido - alguns se fartariam em banquetes -, e assim, ela poderia também comer, com os restos de seu sacrifício. Madame Sylvi, sua mãe, lembrava-lhe, de que sua existência é fadada a tormenta e só ela poderia navegar. "Zaryana, nós somos a escória dos deuses, esses que dançam nos ares e condenam seu povo a destruição" ela dizia, e sua filha ouviu, mas também, viu como sua mãe profanou um desses deuses, e durante a guerra, Zaryana tornou-se um mito.
Sob a recém conquista do Deus da Profanidade - ou Aegon II Targaryen como prefira chamar -, os espólios da guerra são cruéis, fome e descrença regem nobres e plebeus, santos e pecadores, unidos e contemplando a devoção primal do Rei Usurpador a Antiga Valiria, despertando e fomentando a insurgência da Fé Militante.
Dentre o pandêmonio de fé, destruição e luxúria inundando as ruas de Porto Real, o Corvo - o infame escritor de peças e obras misteriosas - retorna a despejar deleites e denúncias, tornando-se alvo de fascínio do povo e escândalo de nobres, a chave misteriosa para a conquista. Deveria ter reconhecido os sinais: sonhos estrelados com a deusa profetiza, a maldição herdade diante o sangue rubro e detestável de sua mãe diante o deus cruel, a fome insaciável em tocar os céus.
Zaryana é uma estrela, aprisionada a podridão de sua existência, na concha maldita de seu mito, aguardando a absolvição de sua fome para tornar-se a mais brilhante e grandiosa estrela dos céus. Se nenhum dos deuses iria torná-la por vontade própria, em uma homenagem ou maldição, ela ascenderia, com suas próprias asas de corvo, brilhando até a metamorfose digna de cegar dragões dançando nos céus.
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