Caídos

Depois de anos fugindo do próprio passado, fingindo ser uma pessoa completamente diferente, Mila passa a observar o quão longe suas mentiras a levaram. Tudo o que presenciou até aqui, parecia mais falso que as unhas postiças que sua irmã costumava usar. Camila Nunes ou Mila, era conhecida como uma estudante de cálculo avançado, de vinte e dois anos. Por onde passava era chamada de anjo, por todos a enxergarem como correta e gentil, era o que pensavam, ao olhar para aquele rosto doce e inocente, mal sabiam eles que os olhos mais obscuros estavam diante deles.
Camila não tinha mais aquela felicidade ou animação, na tentativa de algo melhor para a própria vida, abandonar tudo o que sentia fazia sentido. A sensação de um abandono pode ser mais pesada, um monstro pode ser formar depois disso, mas o que você cria dentro de si, somente você pode destruir.

Vinte e três anos, sem saber para onde ir, como fazer ou sequer de que forma recomeçar. Estava na hora de voltar e se reconectar com suas raízes, talvez ainda exista um lugar do outro lado da cidade que não repare em tudo isso. Por um lado, estar perdido era um pesadelo, não ter ideia de onde deveria estar de verdade é de fato assustador, mas pela realidade, o medo havia ficado para segundo plano há tantos anos que Gael Martinelli Francesco, um policial que saiu de um bairro pequeno, viu o próprio caos à sua frente. Lutou com o que pode, e ainda assim era o mais fraco, diziam que tinha o coração mole.
Se entregando de vez à dor da perda, depois de meses sem saber o que fazer, encontrou a "saída" na pior das situações.

"Dizem que é um pecado muito grave, mas deveriam considerar minha dor. O que passei também é um pecado, apenas não está endereçado ao meu nome."
Gael Martinelli Francesco.

"Relaxa, eu caí, mas isso sempre acontece. Todos caem um dia. Mas sabe qual é a parte mais foda de cair? Levantar e mostrar que suas fraquezas ficaram no chão."
Camila Nunes.

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