Em um mundo onde o tempo devora tudo e todos, ele é a única constante: um ser imortal preso à sombra de sua própria eternidade. No início, a imortalidade parecia um presente, uma promessa de amor eterno. Mas com o passar das eras, ela se revelou uma maldição que o condenou a ver cada ser amado sucumbir ao tempo, enquanto ele permanecia inalterado, carregando apenas as memórias e a dor de cada perda.
Ao longo dos séculos, ele atravessa reinos em ascensão e queda, é adorado como uma divindade e temido como um monstro, mas nunca deixa de buscar os fragmentos da única que verdadeiramente amou. Visões de sua amada, agora reduzidas a ecos etéreos, o perseguem, sussurrando segredos que se recusam a morrer.
Quando encontra novos companheiros, a efemeridade dos laços que cria o obriga a enfrentar a realidade de sua maldição: testemunhar as vidas se apagarem, uma após a outra, enquanto a solidão se torna sua única companheira. Em meio à dor e ao esquecimento, ele descobre que o amor e a perda são as faces de uma mesma moeda, e que a verdadeira redenção pode não ser escapar da solidão, mas abraçá-la como a última prova de sua humanidade.
No último ato, sob um céu sem estrelas e diante do fim de todas as coisas, ele encara sua imortalidade pela última vez. E no silêncio absoluto do universo que se apaga, ele encontra a aceitação, sabendo que, mesmo na solidão eterna, as memórias daqueles que amou continuam a brilhar dentro dele, uma chama que resiste até o fim dos tempos.