Desde o momento em que seus olhos se cruzaram, Dean sentiu algo diferente. Não era uma atração comum, nem algo que ele pudesse explicar facilmente. Era como se uma força invisível o puxasse em direção a Castiel, uma sensação inexplicável que o deixava desconcertado. Quando Castiel finalmente levantou os olhos, mesmo sem encarar completamente a turma, foi como se o tempo tivesse desacelerado por um segundo.
Dean fixou o olhar no rosto de Castiel, seus olhos profundamente azuis parecendo quase perdidos em algo distante, como se ele estivesse preso em seus próprios pensamentos. A pele de Castiel era pálida, quase etérea, com uma suavidade que parecia impossível, como se ele fosse feito de algo diferente, algo que Dean nunca tivesse tocado antes. O cabelo preto e desordenado caía levemente sobre a testa, como se fosse um reflexo de sua própria resistência ao mundo ao seu redor.
Mas não foi só o rosto. Era algo na maneira como ele se comportava, a energia calma, mas quase tangível, que emanava dele. Castiel não precisava dizer uma palavra para Dean sentir que havia algo mais ali, algo profundo e difícil de desvendar. A cada segundo que passava, Dean sentia-se mais atraído, não por sua aparência, mas pela aura misteriosa que parecia envolvê-lo, como se ele fosse uma incógnita que Dean precisava entender, ou talvez apenas se perder.
Ele queria se aproximar, mas algo o impedia. Era um medo estranho, não de Castiel, mas do que sentiria se finalmente se entregasse a essa sensação, essa atração irresistível que ele mal conseguia controlar.
E ali, naquele momento, Dean soube. Havia algo em Castiel que o deixava completamente fora de controle, algo que ele não sabia explicar, mas que o puxava para ele, sem escapatória.
A vida de Dean Winchester nunca foi feita pra ser silenciosa.
Na maior parte do tempo, ele preferia que fosse assim mesmo: barulhenta, cheia de estradas, motores rugindo sob seu comando, e alguma música antiga rasgando a poeira do tempo nos rádio do Impala.
Amava o som dos bares, das gargalhadas bêbadas, dos copos batendo no balcão, do arrastar de botas no chão de madeira. Era nesses lugares que Dean se sentia mais inteiro, mais humano. Era onde podia encontrar um sorriso fácil em um rosto bonito e, por uma noite, fingir que não carregava o peso do mundo inteiro nas costas.
Ele se apaixonava um pouquinho, todo dia.
Pelas sardas na bochecha de uma garçonete. Pela tatuagem mal feita no braço de uma bartender. Pelo perfume doce de uma mulher que mal lhe lançava um olhar.
Paixões efêmeras, instantâneas, como uma faísca que mal dava tempo de arder.
E isso bastava. Sempre bastou.
Até que, um dia, não bastou mais.
Dean não sabia ainda. Não naquela época. Mas tudo dentro dele: o coração, as entranhas, até mesmo a alma suja que jurava não ter mais salvação, já estava se preparando.
Se preparando para a guerra. Para a mudança.
Para encontrar alguém que não seria apenas "alguém novo".
Mas, por ora, ele continuava achando que podia sobreviver assim: num eterno ciclo de se apaixonar um pouquinho todo dia, por alguém diferente e nunca, nunca, se permitir parar.
Até ouvir seu próprio nome ser chamado com uma voz que parecia vinda de outro mundo. "Dean Winchester está fora do inferno".
E naquele instante, sem saber, Dean já havia se apaixonado pela última vez.