Dor. Uma palavra tão simples, tão breve, mas que invade a alma com uma intensidade que palavras jamais poderiam conter. Eu os amava, por mais que agora me pergunte se deveria ter permitido tamanha devoção. Gênova e George Leblanc, meus pais, eram o eixo de minha existência. Em torno deles, minha vida girava como um planeta ao redor de seu sol. Agora, porém, o brilho deles se apagou, e eu me vejo envolta em escuridão.
Ainda posso sentir o toque delicado da mão de minha mãe em meu rosto, seu perfume floral misturado ao aroma de livros antigos que tanto amava. Meu pai, com sua presença imponente, mas sempre gentil, era o pilar que mantinha nossa família de pé. E agora, onde estão eles? Sob a fria terra do cemitério da propriedade, repousam lado a lado, distantes de minha dor, mas tão presentes em cada pensamento que tenho desde que os perdi.
O castelo, que antes ressoava com risos e vida, tornou-se uma prisão de silêncios e sombras. As pedras das paredes parecem sussurrar histórias antigas, enquanto os corredores vazios ecoam apenas o som de meus passos solitários. Uma vez, achei que nunca estaria verdadeiramente sozinha. Havia meu irmão, Matthieu, que partiu em busca de seu próprio destino, e eu acreditei que nossos pais viveriam o suficiente para amparar-me até o dia em que eu própria encontrasse meu caminho. Mas a vida não respeita nossos planos.
Eu não sei. O que sei é que preciso sobreviver. Preciso decidir se este castelo será meu túmulo ou o ponto de partida para um futuro incerto. De qualquer forma, a dor está aqui, e ela é uma companhia que não posso evitar.
Assim começa minha jornada, envolta em tristeza, mas determinada a encontrar sentido em meio ao vazio.