Todos os dias, a anos, Gabriel pintava o mesmo garoto que ele conheceu quando ele tinha apenas onze anos. Ele continuou a pintar o garoto até completar 17 anos. Após isso, ele desistiu completamente dele, sem esperanças nenhuma de que um dia reencontraria ele. Aos poucos, Gabriel foi se esquecendo do rosto dele, e é claro que quando cresceria, o menino teria mudado.
Poderíamos dizer que o que aconteceu com Gabriel quando mais novo foi amor a primeira vista. Uma paixão de infância, e quando avistou ele, sentiu uma inspiração e uma vontade enorme de pinta-lo. Encontrou aquele garoto mais algumas vezes quando voltava para aquele mesmo lugar, mas nunca havia coragem para falar com ele. Então ele apenas o pintava. Quando ele voltou de novo para aquele lugar, ele não estava lá, e isso se repetiu por dias. E então, Gabriel prometeu a si mesmo que iria pinta-lo de novo e de novo, todos os dias até encontrar ele. Uma coisa besta de criança, normal, mas ele via inspiração nele, sua beleza era surreal, e por isso ele o pintava. Até crescer e perceber o quanto isso era besta, e perder toda a fé.
Até que um dia, eles se reencontram. Sem saber de um ao outro, sem ter noção de quem são. A paixão se desenvolve. Gabriel finalmente se dá conta de quem é ele. Mas o garoto sabe quem ele é?
Uma artista cansada da pandemia decide começar a desenhar nas paredes de sua casa, sem saber que havia um garoto entediado na janela ao lado, com muita curiosidade e vontade de conversar. Juntos os dois irão descobrir, então, se pode existir amor na quarentena.
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Uma pandemia global fez com que todos tivessem que ficar trancados em casa, incluindo Heloísa. Com o vestibular se aproximando, sem poder encontrar os amigos e com um bloqueio criativo sem fim, seu emocional despencou. Depois que seu irmão se mudou, deixando um quarto totalmente vazio para trás, a sensação de angústia apenas aumentou em seu peito.
Porém em um dia ela acaba entrando no cômodo deserto e uma estranha inspiração surge; uma vontade e urgência de colorir as paredes tão brancas e sem vida. No prédio ao lado, um garoto a observava. Depois de tanto tempo com a janela da frente fechada, Gabriel não consegue evitar a curiosidade sobre a vizinha, que é muito mais interessante que as tediantes aulas online.
Gabriel nunca foi muito caseiro, então a quarentena acabou se tornando um grande desafio, ainda mais quando sua única companhia é a própria mãe. Quando a possibilidade de uma nova amizade surge, ele não hesita em tentar conversar com a garota. Mas talvez seus métodos não sejam os melhores.