ㅤㅤㅤSua voz ficou um pouco distante, conforme o desejo alheio, começava a tomar conta dos meus pensamentos, meus olhos continuaram abertos e meus batimentos começaram a falhar com a arritmia descontrolada, a cada centímetro que sua mão subia e ele se aproximava mais de mim. Seus dedos pressionaram a minha coxa com certa firmeza e eu gelei, sentindo um arrepio desconfortável me dominar.
ㅤㅤㅤ― Eu preciso ir no... ― minha voz falhou. ― Eu já volto.
ㅤㅤㅤMenti rápido, o afastando levemente enquanto me levantava, ajeitando em seguida a alça da bolsa em meu ombro, para seguir até a escada. Abri a porta do porão que dava acesso ao corredor e a encostei ouvindo a música alta dominar meus tímpanos novamente, me causando aquele desconforto do início da festa, com um certo tipo de pânico me dominando. Tinha muita gente, muito barulho e muitos toques. Comecei a trombar com algumas pessoas que dançavam e conversavam, sentido toda a euforia que eles estavam sentindo, todos os desejos, todas as desinibições em um mar imenso, como se aquela luz tivesse acendendo e apagando várias vezes, me deixando cega, até cruzar a saída da casa.
ㅤㅤㅤA brisa suave da noite chuvosa, bateu contra mim, facilitando para respirar ar puro, antes de sair pelos pingos de chuva, sem me importar com a umidade e as poças de água que molhavam meu tênis, a procura de uma arvore robusta para me esconder e usar meu celular. A alguns metros da fraternidade, apoiei minhas costas no tronco de uma árvore e levantei o rosto, respirando fundo para me recuperar, até que as lágrimas começassem a preencher meus olhos.