O silêncio de uma tragédia tem o poder de ecoar para sempre.
A morte, com sua mão impiedosa, não apenas toma, mas revela. É no instante em que o coração estilhaça que o amor, antes oculto em camadas infinitas, surge em sua forma mais crua e avassaladora. Perder alguém é despir-se de todas as palavras não ditas, de todos os toques adiados, de todos os futuros que jamais serão.
No vazio deixado pela ausência, o amor torna-se um espelho daquilo que foi vivido - ou daquilo que se desejou viver. Ele não mais pede permissão para existir; ele ruge, dilacera, consome, e ao mesmo tempo dá sentido à dor.
Camila descobre que o amor não morre com o corpo. Ele se agarra às lembranças, floresce na saudade, e, paradoxalmente, faz o peito vibrar mesmo enquanto parece implodir. É nessa dualidade cruel que a essência do amor se revela: tão capaz de ferir quanto de curar.