2008, me formava no ensino médio, enfrentando o destino de ser um jovem adulto na periferia brasileira. Em "Memórias aos Ventos", explorei amor, política - tema que estudo desde 2006 -, programas policiais que sempre me causaram náuseas, a Guerra do Iraque e a eleição de Obama, momento em que ingenuamente acreditei na política americana. Tudo isso entrelaçado com tramas internas: amor, depressão, desespero e a certeza do destino inevitável de todo jovem pobre no Brasil: trabalhar até o fim da vida.
Foi nesse período que percebi algo óbvio, mas oculto até então: a história é cíclica. Como disse George Santayana: "Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo." Vi as mesmas tramas que aprendi na escola se repetirem diante de mim. Essa percepção trouxe desespero, mas também a esperança de que, ao despertar mais pessoas, seria possível quebrar os ciclos.
Hoje, em 2024, escrevo este prefácio observando o oposto: apresentadores sensacionalistas ingressam na política, guerras continuam na Ucrânia e na Palestina, e figuras sombrias são eleitas, perpetuando padrões que nos aprisionam.
Se a história não é um ciclo infinito de repetições infelizes, não sei o que é.
Seja bem-vindo às reflexões de 2008 que ecoam em 2024. Os atores mudaram, mas o enredo é o mesmo.