Surreal.

Aya, conhecida apenas como Projeto Zero, caminhava pelas ruas desertas, onde o frio cortante parecia penetrar em sua pele e rasgar sua alma. O clima nocivo não era apenas um mero detalhe; era um reflexo sombrio de sua própria existência, uma constante lembrança de que a dor a acompanhava como uma sombra. Cada sopro de vento gelado parecia sussurrar segredos obscuros, intensificando a sensação de que algo dentro dela estava se despedaçando.

Era como se a atmosfera pesada exigisse que ela carregasse o peso de suas perdas - as mortes de suas irmãs e de sua mãe. Essas tragédias não eram apenas feridas abertas; eram cicatrizes profundas que moldavam quem ela era. A dor que sentia era única, uma tortura silenciosa que só ela poderia compreender. Era uma dor visceral, que vinha da alma e a destruía lentamente, mas ao mesmo tempo a fazia sentir-se viva em meio ao vazio.

Aya buscava respostas em meio ao caos de seus pensamentos. Quem era ela agora? O que restara da menina inocente que um dia sonhou com um futuro? As perguntas ecoavam em sua mente como gritos desesperados, mas as respostas pareciam tão distantes quanto as estrelas no céu noturno. E assim, em meio à escuridão, surgiu um desejo insaciável: ela queria sangue em suas mãos.

Esse desejo não era apenas por vingança; era uma necessidade primal de se conectar com a dor que a consumia. Ela queria sentir o calor do sangue pulsando entre seus dedos, como se isso pudesse trazer algum tipo de alívio para o tormento que a atormentava. Era uma busca por controle em um mundo onde tudo havia sido tirado dela.

Aya olhou para o horizonte sombrio, onde nuvens pesadas se acumulavam como presságios de tempestade. O frio não era mais apenas uma sensação física; era um estado de espírito. E enquanto caminhava em direção ao desconhecido, sabia que cada passo a levava mais perto do abismo - e talvez, finalmente, das respostas que tanto desejava encontrar.