Estamos agora por volta de 2010. Se você acompanhou as obras anteriores - Memórias aos Ventos: Últimas Trovas Antes da Forca e Tragédias Gregas: No Passado, no Presente e no Futuro - provavelmente já entendeu que, ao mesmo tempo em que falo sobre sentimentos, sempre tento trazer um pouco de temporalidade. O que naquela época era presente, hoje já é passado. Engraçado como a vida é.
Lembro-me de que naquele ano muita coisa aconteceu. Minha revolta com o mundo ao meu redor era crescente. Eu estava à beira de fazer uma série de escolhas forçadas para cumprir meu papel na sociedade: ser bem-sucedido. Naquele ano, passei na 1ª fase da FUVEST para Artes Cênicas (grande sonho da minha vida). Por conta disso, fui expulso de casa - e, graças à minha irmã, isso não se concretizou. Foi também o momento em que veio a grande consciência de classe: talvez eu jamais seria ator, pois precisava ajudar nas contas de casa.
Foi um golpe e tanto.
Como tudo que já está ruim pode sempre piorar, perdi minha primeira namorada. Isso me fez mergulhar em mim mesmo. O mundo externo parecia não fazer mais sentido, e me lancei de corpo e alma nas profundezas do que é o amor e a saudade que sentia naquele momento.
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