𝑆𝑎𝑙𝑣𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒 - 𝓐𝑠 𝑟𝑢𝑖́𝑛𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝐾𝑟𝑜𝑣𝑜𝑣

No inverno implacável de 1825, quando a neve beijava suavemente os telhados de mansões imponentes e o silêncio das noites parecia conter segredos ancestrais, a jovem Scarlett surgiu como um espectro de mistério e tragédia. Encontrada às margens de um bosque enluarado, com os vestígios de um acidente o qual apenas a jovem e sua mãe haviam sobrevivido, Krovov foi acolhida pela nobre família Dankworth, cujas posses se estendiam tanto quanto sua reputação nos salões da aristocracia.
No início, Scarlett foi tratada como uma hóspede frágil, uma alma ferida que merecia repouso. Contudo, conforme os dias passavam, a casa mergulhava em uma estranha penumbra. William, tão racional quanto romântico, começou a ver nela mais que uma sobrevivente. Ele se perdeu na dança de sua voz, na luz pálida de seu sorriso, como um náufrago que encontra consolo em águas sombrias. Scarlett, com sua presença hipnótica, era ao mesmo tempo a brisa que o libertava e a lâmina que o prendia. Seu sangue era sua nova conquista e obsessão, juntamente com o maldito sentimento que emergia feito uma fera feroz e rude. Naquele encontro sangrento e apaixonante, William se tornou tanto um adorador quanto uma oferenda, como uma rosa vermelha que sangra sua essência ao toque da lâmina. Scarlett, por mais que desejasse se afastar, sentia-se presa ao destino cruel de amar aquilo que um dia deveria destruir. E assim, sob as estrelas geladas daquela era distante, começava uma história de desejo e perdição, onde o amor e a morte se entrelaçavam como as sombras de uma noite eterna.