O espetáculo é sempre mais interessante quando há uma estrela. Como alguém para venerar, algo para te emocionar ao ponto de todas as luzes do show parecerem distorcidas, ou olhos tristes, porque olhos tristes se parecem com estrelas. É assim que me sinto desde que minha vida começou a desbotar. Nada fazia muito sentido desde então, cada dia igual ao outro, e aquilo que chamo de coração se parece menos com algo vivo e brilhante a cada dia que passa.
Conhecer Jon Redvers Harington foi como ser capturada por um buraco negro. Era uma força avassaladora, sendo puxada pela gravidade dele. Ele era tudo que eu não sabia que queria: um homem quebrado e complicado, intenso, que fazia o caos parecer irresistível. Jon é tão bonito e intenso quanto parece, um advogado de sucesso, brilhante e inatingível, acostumado a vencer batalhas em tribunais, mas incapaz de vencer a guerra dentro de si mesmo.
Eu, Avery Bloom, sempre sonhei em ser uma prima ballerina, dançar pelos teatros da Europa, casar, ter filhos e construir um estúdio de ballet onde outras garotas pudessem sonhar como eu sonhei. Consegui parte disso, mas a perfeição que eu buscava só me trouxe monotonia. Meu mundo dançava uma coreografia perfeita, mas sem emoção. Jon bagunçou minha dança, desafinou minha música. Ele não era e nunca foi o homem que sonhei para mim. Ele não queria nada; eu queria tudo dele. E talvez, por isso, fomos como dois artistas em um espetáculo desastroso, como duas forças orbitando uma colisão inevitável: ele consumia tudo ao seu redor, e eu, mesmo sabendo do risco, continuava dançando em sua órbita.
O desejo que compartilhamos é o tipo que consome. Um desejo violento. Cada toque dele me fazia lembrar que talvez amar alguém quebrado só faça sentido se você também carrega suas próprias rachaduras. E eu carregava. Talvez, no fim, todo espetáculo precise de um um caos que nos consome e nos transforma, por mais que nos quebre no processo. Um pouco de destru