A Teoria do Caos

Já disse Vladimir Nabocov; e o resto é ferrugem e poeira estelar.

Ocean Trenton não poderia discordar menos; embora ele evite dar asas à certos pensamentos filosóficos.

No ápice dos seus dezesseis anos de vida, ele não quer mais sentir. No entanto, a dor o compõe em notas estridentes, quase que insuportável irradiando pela caixa de ossos, dilacerando os pedaços que restara do coração. Orfeu Trenton morreu afogado. Ocean jamais seria capaz de dizer essas quatro palavras em voz alta. Sem o irmão por perto não restara nada além do vale de estrelas mortas em seu interior, não há nada suficientemente digno de ser sentido além da dor.
Entretanto, seus sentimentos fazem tão parte de si mesmo quanto sua própria pele. E, essa combustão sonora de dor e caos trovejando em seu ser, pode ser a matéria bruta de que precisa para lapidar a letra de uma música: uma promessa alinhada ao desejo do irmão.

Em teoria, Ocean é perfeitamente capaz de dar forma aos versos há medida em que lapida a melodia. Mas na prática, resta saber se o que restara de si mesmo sobreviverá ao processo de composição.