Onde o fogo valiriano ainda ecoa nas veias dos Targaryen, surge Aetheron, o Deus das Chamas Eternas. Filho primordial de Balerion, o Terror Negro, e Meraxes, a Rainha Vermelha, Aetheron nasceu das chamas mais puras da antiga Valíria. Ele testemunhou a glória e a catástrofe da cidade dos mil pilares: viu erupções vulcânicas engolindo impérios, dragões dançando nos céus, e a ascensão dos Targaryen como herdeiros do legado. Sobreviveu ao pacto pacífico de Jaehaerys I, o Conciliador, observando em silêncio as intrigas da corte, mas sua natureza divina o levou a excessos. Em rituais sangrentos, Aetheron massacrou mortais inocentes, acreditando que o sangue fortaleceria o poder valiriano. Horrorizados, os deuses-dragões - Balerion, Syrax, Vhagar, Meraxes, Vermithor, Arrax, Vermax, Caraxes, Meleys, Tessarion, Morghul, Urrax, Shrykos e Tyraxes - o amaldiçoaram, prendendo-o em um limbo de fogo eterno por décadas. Ali, suas chamas queimavam sem cessar, alimentando uma fúria que jurava vingança contra aqueles que o traíram.
Séculos depois, no turbulento reinado de Viserys e Targaryen, a princesa Rhaenyra, com apenas 17 anos, surge como uma figura contraditória. Doce e gentil com seus servos e aliados, ela oferece sorrisos calorosos e gestos de espera, mas sua arrogância Targaryen brilha em disputas sucessórias, onde manipula cortesões com dissimulação astuta. Montando Syrax, seu dragão reivindicado dourado, Rhaenyra é uma guerreira habilidosa, determinada a Trono de Ferro como primogênica. Em uma noite de desespero, enquanto o corte se divide entre ela e seu meio-irmão Aegon, Rhaenyra descobre pergaminhos antigos na Cidadela. Buscando um artista para fortalecer sua posição, ela realiza um ritual valiriano proibido, recitando palavras esquecidas que invocam Aetheron. Sem imaginar as consequências, ela liberta o deus de sua prisão, acreditando que seria apenas uma ferramenta temporária - mas isso se torna sua ruína.
Um Targaryen sozinho no mundo é uma coisa terrível, de fato, mas o que dizer de um Targaryen sem um dragão?
Uma verdadeira anomalia.
Astraea Velaryon carregava esse estigma. Filha de Rhaenyra Targaryen, herdeira do Trono de Ferro, e também com o sangue Velaryon correndo em suas veias, a pressão era implacável.
Mas Astraea não era apenas um anjo vivendo no jardim do mal em uma terra de deuses e monstros. Sob a imagem de uma princesa angelical e etérea, havia segredos e demônios profundos, invisíveis à maioria ━━ mas não aos olhos de Aemond Targaryen, que carregava as mesmas cicatrizes que a sobrinha.
Entre eles, forjou-se um laço profundo, selado por um Juramento de Sangue. Eles prometeram conquistar dragões e restaurar a glória perdida dos Conquistadores, trazendo de volta a era de Fogo e Sangue. Mas o incidente em Driftmark rompeu essa frágil aliança, fragmentando os Targaryen em lados opostos de uma guerra.
Agora, anos depois, Astraea retorna a King's Landing. Não mais a jovem pura e ingênua que um dia fora, mas uma mulher marcada por rumores sombrios de feitiçaria. Sussurravam por todos os cantos do Reino que ela havia dominado as artes arcanas em Asshai da Sombra, e que o próprio mal corria agora por suas veias.
O brilho angelical de outrora dera lugar a uma figura sombria, ainda que formidável.
E Aemond, consumido pela obsessão e pelo rancor, encontra-se determinado a fazê-la lembrar do juramento que selaram ━━ e a fazê-la pagar por tê-lo aparentemente esquecido.
Para ele, ela não poderia escapar. Pois ao permitirem que seus sangues se unissem na infância, Astraea se tornara dele para sempre, e não havia como desfazer esse pacto.
Mas Astraea Velaryon havia se tornado indomável. Inquebrável. Formidável. Agora, era uma mulher capaz tanto de beijar um homem quanto de cortar sua garganta.