Afrodite sempre foi o centro das atenções. Seu nome era sussurrado por todos os cantos do Olimpo, sua beleza admirada, seu toque desejado. Ela passava de um amante para outro, de um deus para um mortal, sem jamais se prender. Todos a viam como a deusa do amor, mas ninguém entendia que, na verdade, ela era a deusa da fuga. O amor que Afrodite tanto espalhava nunca se permitia sentir. Ela se jogava nos braços de Ares para sufocar o que queimava dentro dela. Se deixava adorar por Hefesto porque era mais fácil do que admitir que seu coração pertencia a outra. A verdade era um segredo que ela trancava a sete chaves. Seu olhar sempre encontrava Neritheia quando ela passava pelo Olimpo. Não era como olhava para os outros. Não era desejo fugaz ou simples curiosidade. Era algo mais profundo, mais devastador. Mas Afrodite pertencia a todos. E Neritheia pertencia a ninguém. Então, ela beijava Apolo. Ela sorria para Dionísio. Ela tocava as mãos de Hermes. E ignorava como seu coração doía cada vez que via Neritheia partir para o mar. Se Afrodite pudesse, ela arrancaria o coração de sua amada, para poder carregar em seus braços, ou até mesmo faria algum tipo de cirurgia estranha para que ambas nunca mais se separassem. Ela só queria que pudessem compartilhar seu amor pra sempre. Não por desejar Neritheia. Mas por amá-la, amá-la tanto ao ponto de enfrentar todos os deuses por ela. Ao ponto de iniciar uma guerra por ela. Ao ponto de ir até mesmo ao tártaro por sua amada. Ou até mesmo arrancar o coração de alguém que já amou sua mulher e lhe dar de presente. Alguns diriam que isso é possessividade ou tóxico, mas a deusa do amor diria que isso é amor verdadeiro. A chama de seu coração estava mais acesa do que nunca, e se fosse por ela, nunca mais se apagaria, assim como o fogo do infernoTodos los derechos reservados
1 parte